Quiet Firing: A Demissão Silenciosa no Cenário E-sport
- Roberto Bianchini
- 22 de set. de 2022
- 3 min de leitura

A prática de forçar silenciosamente o pedido de demissão do funcionário é muito conhecida no mercado de trabalho, ela consiste em tornar o ambiente de trabalho insuportável até o ponto do colaborador não resistir e abandonar seu posto.
No cenário do E-Sport não é diferente, em razão de novas contratações ou queda de rendimento, frequentemente, Pro-players são colocados na mesma situação, são deixados de lado, param de treinar com a equipe, deixam de receber bônus, entre outras desqualificações.
Você deve estar se perguntando: "Para que forçar a demissão? Por que não demitir logo?"
São 2 (dois) os principais motivos e vamos te explicar quais:
De acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) quando o funcionário pede demissão da empresa, ele terá direito a receber:
- Saldo do salário proporcional aos dias trabalhados;
- 13º (décimo terceiro) salário proporcional aos meses trabalhados;
- Férias vencidas e/ou proporcionais;
- Aviso prévio, quando cumpridos.
Por outro lado, quando a empresa demite o funcionário, ela precisará arcar com:
- A multa de 40% (quarenta por cento) do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e;
- No caso dos pro-players (ciberatletas), com a multa prevista na cláusula compensatória, que pode chegar até 400 (quatrocentas) vezes o valor do salário do atleta.
Deseja conhecer mais sobre o contrato dos ciberatletas? Veja também: Conheça os direitos dos Pro-players - Contrato de Trabalho no E-Sport.
ALERTA: No cenário competitivo do E-sport, existe uma peculiaridade, uma vez que, o ciberatleta que pede a rescisão contratual - demissão, automaticamente, precisará arcar com a multa prevista na cláusula indenizatória.
Em razão disto, existe um ponto de atenção importante, se a organização ou time deixar claro para o atleta que irá abrir mão da multa indenizatória, é um forte indicativo de que está praticando o "Quiet Firing".
Praticar o Quiet Firing pode parecer benéfico para a organização gamer, no entanto, por vezes, os atos praticados no intuito de forçar a demissão do colaborador podem caracterizar assédio moral, e consequentemente indenizações na Justiça do Trabalho.
O Assédio Moral no Seguimento do E-sport

O assédio moral se configura de diversas maneiras no ambiente de trabalho gamer, habitualmente, causado por condutas antiéticas que agridem a moral do indivíduo, causando-lhe humilhação e constragimento.
Acerca do assunto, a Cartilha de Prevenção ao Assédio Moral do Tribunal Superior do Trabalho (TST), prevê:
Assédio moral é a exposição de pessoas a situações humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho, de forma repetitiva e prolongada, no exercício de suas atividades. É uma conduta que traz danos à dignidade e à integridade do indivíduo, colocando a saúde em risco e prejudicando o ambiente de trabalho. (Link da Cartilha)
Os meios de assédio moral mais comuns são:
Exposição vexatória - Quando o colaborador é ridicuralizado pela gestão ante aos demais colegas.
Cobrança excessiva - Cobrar exacerbadamente resultados, muitas vezes impossíveis.
Organizacional - Violência psicológica, praticada por empresas extremamente competitivas que estimulam seus funcionários a disputarem entre si, propagando o medo.
Motivo de piada - Dar apelidos, debochar em razão do não cumprimento de atividades, zombar de característica física ou pessoal.
Exploração de informação sigilosa - Tirar proveito de segredo ou erros do funcionário para chantageá-lo ou ameaçá-lo dentro do ambiente de trabalho.
Como é notório, existe uma linha muito tênue entre o assédio moral e a demissão silenciosa - Quiet Firing, sobretudo, considerando que para fazer o funcionário pedir demissão é preciso tornar o ambiente de trabalho insuportável aos olhos dele.
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